segunda-feira, dezembro 11, 2006

Numéro Zéro



Hoje às 19h passa na Cinemateca o filme "Numéro Zéro", do Jean Eustache.
O filme é uma entrevista que ele fez à sua avó (na foto), que é uma senhora cheia de graça e que nos vai apresentando a sua vida de forma irresistível: fala sobretudo da sua infância, das brincadeiras com os irmãos, da madrasta, do seu grande amor. Tirando a sequência inicial, não existem quebras na acção, ou seja, a conversa é mostrada em tempo-real. A simplicidade do filme permite que a "protagonista" ocupe todo o espaço e que nos conquiste de forma natural.
Se não puderem ir hoje a Cinemateca volta a passá-lo na 4ª, dia 13, às 22h. Vale muito! a pena!

"Numéro Zéro [FR]
de Jean Eustache 110' França 1971
Lembro-me de caminhar em Paris, de Montparnasse ao bairro XVIII, de caminhar a pensar, como numa caminhada que trouxesse o tempo de volta. Quando cheguei a casa, a minha avó falou-me durante muito tempo. Tive a impressão de que me falava de coisas importantes. Quando lhe disse: "Mas, escuta, temos de registar tudo isso", ela respondeu: "Mas enfim, são coisas que não são bonitas". "Isso não me interessa", respondi, "é preciso registar as coisas, bonitas ou não, elas são importantes, elas são grandes." Arranjei algum dinheiro para comprar película a preto e branco 16, aluguei duas câmaras, pedia Théaudière que cuidasse delas e a Jean-Pierre Ruh que fizesse o som. E o tempo do filme, foi o tempo da película, as duas câmaras a funcionar alternadas, de seguida, sem corte. O filme era assim a história da película, do início até ao fim. Ao mesmo tempo, como era cineasta de profissão, era um filme de um cineasta profissional e um filme de família, um filme amador em 8mm rodado na praia."
in programa do doclisboa 2006

Curosidade: o filme estreou mundialmente na Cinemateca em 2003, onde foi restaurado a partir do material encontrado pelo filho do realizador. Só depois estreou comercialmente em França. Vai passar hoje a propósito do ciclo dedicado a Jean Eustache.

ps: eu vou à cinemateca às 21h30 ver "O Mar", de Lee Hyeon-Seung, que inicia o ciclo de cinema coreano. estão convidados a juntar-se. levo calças azuis, casaco verde e cabelo despenteado.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O número zero tb esteve no doclisboa deste ano e eu, já não sei porquê, não vi. Hoje não vi, mas macacos me mordam se não vejo na quarta!!!

11/12/06 23:30  

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