quarta-feira, abril 05, 2006

Todas estas pessoas falam da nova vida que têm em relação a uma antiga. Parece que se mudaram mas que um pedaço, não muito pequeno, deles continua aqui, em Portugal.Será, então, que tem sentido viajar e não voltar? Sair e nunca mais ter o confronto do que somos com o que éramos? Ou que saindo e nunca mais voltando acabamos por nos descobrir como aquilo que se mantém inalterado em cada país, em cada cultura, em cada situação?

é bom sinal que se deixe um pedaço (segundo tu, nao muito pequeno, eu as vezes tendo a dizer demasiado pequeno) de nos por onde se passa, por onde se esta, por onde se é.

para mim, acho eu, é exactamente esse o sentido de viajar. independentemente de viagens de volta ou de chegada, ou das duas coisas simultaneamente. ("chegar e partir / sao só dois lados / da mesma viagem. O trem que chega / é o mesmo trem da partida", segundo a excelente maria rita).

tantas coisas que me faz pensar este teu post, sr. zé.

acho que o confronto do que somos com o que éramos é, talvez, ilusorio. necessario, sim, mas ilusorio. porque é a janeca de trento, em trento, que olha para a janeca de lisboa. é util, sim sra, e acho que todos voces sabem a frequencia com que o faço: olhar para o que sou, para o que fui, para o que quero ser, definir a rota, os desvios, as colisoes. este confronto, zé, e quase que aposto que o sabes, acontece volte-se ou nao se volte para de onde se veio. sair e nunca mais voltar, nao quer dizer nao nos revisitarmos, negarmos que formos e quem somos, nada disso!
tal como sair e nunca mais voltar nao implica descobrir aquilo que se mantém inalterado em cada país, em cada cultura, em cada situação.
isso depende de nos.
nem sequer precisamos de viajar.

a viagem é sò, digo, eu, uma das melhores desculpas que conheço.
mas a culpa destes confrontos sera sempre nossa.
e que culpa mais agradavel de carregar.

2 Comments:

Blogger ZéB said...

faço o meu comentário a sério num post mais acima. este é só para explicitar um ponto de vista meu mal explicado: "tal como sair e nunca mais voltar nao implica descobrir aquilo que se mantém inalterado em cada país, em cada cultura, em cada situação.
isso depende de nos.
nem sequer precisamos de viajar."
O que queria perguntar era se nos descobrimos no que se mantém inalterado em "nós" e não nos sítios, culturas, situações onde vamos.

5/4/06 12:49  
Anonymous Anónimo said...

Descobrimo-nos se nos quisermos olhar, interpretar, perguntar, problematizar, partilhar...
!?!?!!?
M

11/4/06 08:14  

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